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COMPROMISSO AFETIVO

Compromissos assumidos e não cumpridos podem gerar em outras pessoas problemas que se arrastam por várias encarnações


Por: Cláudio Fajardo

Ao iniciar o capítulo 6 da obra Vida e Sexo, o autor espiritual nos convida a meditar sobre um texto do Evangelho Segundo o Espiritismo, antecipando-nos alguns tópicos do estudo que ele irá desenvolver.

Desde os primeiros movimentos de nossa evolução, o então chamado "princípio inteligente" tem a espiritualização como desiderato de sua jornada. Ao atingir o reino hominal, os seus recursos adquiridos permitem-lhe gozar da faculdade do livre arbítrio, faculdade esta que lhe dá o controle de sua evolução, mas elegendo a responsabilidade como companheira para a eternidade.

Por termos sido criados por Deus, possuímos em estado latente todos os recursos que nos impulsionam à perfeição. O próprio Cristo nos afirmou, "Vós sois deuses...".


Antes de nos vincularmos as pessoas através de promessas brilhantes ou por um ato sexual fortuito, resguardemo-nos, pois sabemos que somos responsáveis por tudo o que geramos nos outros


Segundo os espíritos codificadores, toda a lei está gravada em nossa consciência, guiando-nos sempre e nos orientando sobre qual o caminho a seguir.

Toda a vez que ferimos esta lei, erramos. E por menor que seja o nosso erro, somos impelidos pela nossa tendência natural à evolução a corrigir este erro e voltar ao caminho do bem. Volta esta que será mais ou menos dolorosa de acordo com o "caminho obediência" ou o "caminho rebeldia" que escolhermos.


PREOCUPANDO-SE COM A
FELICIDADE DO PRÓXIMO

Na mensagem escolhida por Emmanuel para abertura desta página, o espírito Lázaro nos afirma ainda que o nosso dever inicia no ponto em que ameaçamos a felicidade de nosso próximo.

Façamos o seguinte raciocínio: Por experiência própria, sabemos que só somos felizes se executarmos, e bem, o nosso dever. Portanto, só seremos felizes se fizermos o nosso próximo feliz. Por isso afirmamos, sem medo de errar, que o evangelho é muito mais do que um manual de boa conduta, é um tratado científico de conquista da felicidade, pois ele se resume todo na máxima que Jesus tão bem ensinou: "Amai-vos uns aos outros como Eu vos amei".

Ao iniciar propriamente o seu comentário, nosso instrutor espiritual faz uma comparação da guerra com a afeição mal orientada, afirmando-nos "que se a primeira semeia terror e morticínio, a segunda, através do compromisso escarnecido, cobre o mundo de vítimas".

Meditemos sobre esta questão. Como já afirmamos, somos responsáveis por tudo o que criamos. Se assumimos um compromisso com uma determinada pessoa e não cumprimos, ficamos a dever este cumprimento, seja ele material ou moral. E o elemento prejudicado, se não administrar bem a decepção, pode vir a ser portador de sérios problemas, pelos quais seremos altamente responsáveis, sendo que a resolução da questão muitas vezes demora séculos.


O parceiro prejudicado, se não dispõe de conhecimentos superiores na autodefensiva, entra em pânico, sem que lhe possa prever o descontrole que, muitas vezes, raia na delinquência


Por isso Emmanuel nos afirma no parágrafo seguinte: "os problemas do equilíbrio emotivo são até agora, de todos os tempos, na vida planetária". Afirma ainda que os "conflitos do sexo", que analisados aos olhos do materialismo são marcas de um mundo em decadência, não tiveram suas origens no agora, mas são frutos deste "compromisso escarnecido" através dos tempos.

Mas fiquemos tranqüilos, a vida tem seus misericordiosos recursos para nos induzir à correção. E através do movimento reencarnatório, vamos ficando frente a frente com os problemas criados por nós mesmos, para que desenvolvamos a estratégia de resolvê-los.

Mas se quisermos poupar tempo e esforços, ouçamos nosso guia: "para que não sejamos mutilados psíquicos, surge não mutilar o próximo".


MOTIVOS PARA COMPLICAÇÕES
O "narcisismo" e a "volúpia do prazer estéril" são, no entender do nosso evangelizador Emmanuel, motivo de queda em nossa vida. Ou seja, sempre que agimos valorizando os nossos interesses em detrimento do alheio, saímos do campo vibracional do Criador, iniciando aí a complicação. O prazer estéril é justamente isto, sensibilizar o nosso imediatismo materialista em detrimento da perenidade espiritual.

Isso por si só já é complicado, mas agora imaginemos esta situação de conquista louca de nossa satisfação narcisista gerando desequilíbrio no sentimento alheio. Passamos a ser, como já dissemos, co-responsáveis por qualquer processo de angústia e criminalidade gerados por esta situação.

Como ilustração, reportemo-nos a um caso narrado por nosso irmão André Luiz na obra Nos Domínios da Mediunidade, no capítulo "psicometria". Determinada irmã, tendo recebido um espelho de um jovem que lhe prometera casamento, ficara de tal modo afeiçoada a este objeto que, não tendo se realizado o cumprimento da promessa por parte de "seu amado", dois séculos depois, ainda desencarnada, não deixava o espelho de maneira alguma. Aulus, o orientador do nosso André Luiz, afirma ainda que os dois terão de se reencontrar num processo reencarnatório, com vistas ao ajuste necessário no campo do sentimento.

Ora, uma simples promessa de casamento não cumprida estava a gerar um processo de desequilíbrio que já durava mais de um século e que poderia durar muitos outros.
Portanto, antes de nos vincularmos às pessoas através de promessas brilhantes ou por um ato sexual fortuito, nos resguardemos, porque sabemos que somos responsáveis por tudo o que gerarmos nos outros.


AFINIDADE E CONFIANÇA
No sexto parágrafo deste capítulo contido nesta maravilhosa obra que ora estudamos, o autor espiritual nos informa do "circuito de forças" estabelecido entre parceiros que se entregam um ao outro em bases de afinidade e confiança no campo do sexo. Afirma-nos "que há entre eles uma alimentação psíquica de energias espirituais e que, se rompido o compromisso por uma das partes, sem razão justa, o outro fica lesado na sustentação do equilíbrio emotivo".

Repetindo o que já dissemos anteriormente, se uma simples promessa nos coloca devedor diante da criatura a quem prometemos, imaginemos então a extensão do compromisso quando nos entregamos sexualmente a alguém.


Determinada irmã, tendo recebido um espelho de um jovem que lhe prometera casamento, ficara de tal modo afeiçoada a este objeto que, não tendo se realizado o cumprimento da promessa por parte de "seu amado", dois séculos depois, ainda desencarnada, não deixava o espelho de maneira alguma


Para que haja a entrega de um ao outro em bases de afinidade, é preciso haver confiança integral entre as partes. E quando nos entregamos sexualmente a um parceiro, não é só fisicamente que nos despimos, mas nos desnudamos integralmente, estabelecendo então um compromisso em bases de confiança mútua.

Esse alimentar em regime de reciprocidade, conforme define Emmanuel, é algo tão forte que, quando um dos cônjuges rompe este elo, o outro muitas vezes, sem ter a certeza do rompimento, tem todo o sentimento do acontecido.


PREVENINDO PROBLEMAS GRAVES COM O PARCEIRO
E é ele, Emmanuel, com toda propriedade, quem nos afirma: "o parceiro prejudicado, se não dispõe de conhecimentos superiores na autodefensiva, entra em pânico, sem que lhe possa prever o descontrole que, muitas vezes, raia na delinqüência".

O autor é claro: se o parceiro não tiver a possibilidade de vivenciar o perdão em bases cristãs, a situação pode ser bastante agravada e as conseqüências são impossíveis de serem previstas.

Portanto, um alerta aos casais de namorados adeptos do “sexo sem compromisso”: o assunto é muito mais sério do que imaginamos e uma gravidez indesejada está longe de ser o maior problema gerado por esta situação.

Se no princípio, nosso nobre orientador compara a guerra com a afeição erradamente orientada, ele termina o ensinamento comparando a justiça humana com a justiça divina. Se a primeira "comina punições para os atos de pilhagem na esfera das realidades objetivas", nos afirma Ele que "a justiça divina alcança também os contraventores da Lei do Amor". E todas as vezes que prejudicamos alguém, esta lei, que muitas vezes se objetiva na reencarnação, coloca-nos frente a frente com o irmão em prejuízo, "até exonerarmos o próprio espírito das mutilações e conflitos hauridos
no clima da irreflexão".


COMPENSAÇÃO DO PREJUÍZO CAUSADO
Imaginemos que, com promessas de felicidades, determinado rapaz conquiste a confiança de uma moça e o processo venha a se desenvolver, estabelecendo ali o princípio de um relacionamento sexual. O tempo passa e o nosso irmão não vigilante resolve abandonar a até então amada num momento delicado, de uma eminente gravidez. Ela, por sua vez, não encontrando apoio e compreensão na família, é colocada para fora de casa, vindo a padecer de numerosas necessidades. O caminho da vida fácil se abre e ela se vê nos campos da prostituição.

Como se portaria ele, num futuro próximo, tendo que educá-la como filha reencarnada em sua adolescência, quando lhe desabrochasse suas tendências sexuais adquiridas quando num outro momento se prostituiu?

Para encerrar, como não poderia deixar de ser, fiquemos a meditar nessas preciosas palavras de nosso querido mentor: "aprenderemos no corpo de nossas próprias manifestações ou no ambiente da vivência pessoal, através da penalogia sem cárcere aparente, que nunca lesaremos a outrem sem lesar a nós".


Fonte: Revista Cristã de Espiritismo (edição 11)

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