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A VIDA EM MARTE

Algumas pessoas no meio espírita vêm levantando uma questão que põe em dúvida o texto de Kardec em O Livro dos Espíritos, sugerindo que a vida em Marte não seja, como ele diz, mais atrasada do que a vida na Terra.

Por: Gilberto Schoereder

Uma interessante discussão vem sendo levantada por alguns participantes do movimento espírita no Brasil, com relação à vida em Marte, mais especificamente com relação à questão 188 de O Livro dos Espíritos. A nota agregada a essa questão apresenta os habitantes de Marte como menos adiantados que os da Terra.

Recentemente, Gerson Simões Monteiro – presidente da FUNTARSO (Fundação Cristã-Espírita Cultural Paulo de Tarso), responsável pela Rádio Rio de Janeiro – escreveu um texto, “Marte é um Planeta Superior à Terra”, no qual defende uma atualização da questão.

“Sou de opinião”, escreve Gerson, “de que a informação apresentada na nota relativa à questão 188, em O Livro dos Espíritos, lançado em 18 de abril de 1857, de que os habitantes de Marte seriam menos adiantados física e moralmente do que os habitantes da Terra, deva ser atualizada”.

Inicialmente, Gerson Monteiro baseia sua idéia no pensamento do próprio Kardec, publicado no livro A Gênese (item 55, capítulo I), editado posteriormente, em janeiro de 1868. O texto diz: “[...] caminhando de par com o progresso, o Espiritismo jamais será ultrapassado, porque se novas descobertas lhe demonstrassem estar em erro acerca de um ponto qualquer, ele se modificaria nesse ponto. Se uma verdade nova se revelar, ele a aceitará”.

Sendo assim, Gerson diz entender que “a revelação do mundo espiritual por meio da comunicação ostensiva com o mundo físico teria de ser necessariamente progressiva. O trabalho realizado por Allan Kardec na codificação Espírita foi o de reunir os princípios fundamentais que constituem os alicerces da Doutrina Espírita e empreender a construção do edifício doutrinário, que deverá receber, gradualmente, acréscimos em suas estruturas, os quais são representados pelas obras complementares , acréscimos esses que acompanharão o progresso do conhecimento e que deverão obedecer ao alinhamento dos pilares do edifício doutrinário fixados pela Codificação”.

Outra fonte na qual baseia seu conceito é o pensamento do Espírito Instrutor Erasto, no item 230 o capítulo XX de O Livro dos Médiuns (15 de janeiro de 1861): “Melhor é repelir dez verdades do que admitir uma só falsidade, uma só teoria errônea”.

Gerson entende que existem novas revelações demonstrando que a humanidade marciana é superior à do nosso planeta. A proposta é, então, atualizar a informação da nota à pergunta 188, e não modificar um dos princípios básicos intocáveis da Doutrina Espírita, ou seja, o da pluralidade dos mundos habitados.

Para fundamentar essa proposta, Gerson Simões apresenta revelações de origem mediúnica provindas de fonte fidedigna.


Júpiter, Saturno, Marte e outros gigantes de aperfeiçoamento em nossa organização planetária são visitados constantemente por esses vanguardeiros da luz e do amor, para a permuta de valores necessários ao nosso engrandecimento


A primeira das fontes citadas por ele se encontra no livro Cartas de Uma Morta (Ed. Lake, 1932), por Chico Xavier. Nele, o Espírito Maria João de Deus descreve uma excursão a Saturno e relata outra feita a Marte, cujos trechos deixam bem claro, conforme afirma Gerson, a superioridade desse planeta.

O texto diz: “Vi-me à frente de um lago maravilhoso, junto de uma cidade, formada de edificações profundamente análogas às da Terra. (...) Vi homens mais ou menos semelhantes aos nossos irmãos terrícolas, mas os seus organismos possuíam diferenças apreciáveis. Além dos braços, tinham ao longo das espáduas ligeiras protuberâncias à guisa de asas, que lhes prodigalizavam interessantes faculdades volitivas. (...) Assegurou-me, ainda, o desvelado mentor espiritual, que a humanidade de Marte evoluiu mais rapidamente que a Terra e que desde os pródromos da formação dos seus núcleos sociais, nunca precisou destruir para viver, longe das concepções dos homens terrenos cuja vida não prossegue sem a morte e cujos estômagos estão sempre cheios de vísceras e de virtualhas de outros seres da criação”.

A segunda fonte encontra-se no livro Crônicas de Além Túmulo (FEB, 1936), psicografado por Chico Xavier. No capítulo 24, “A Paz e a Verdade”, o Espírito Humberto de Campos fala sobre uma reunião nos planos espirituais e, diante da possibilidade da deflagração de uma guerra entre nações na Terra, faz o seguinte relato: “Os grandes Espíritos, que sob a tutela amorosa de Jesus dirigem os destinos da Humanidade, reuniram-se há pouco tempo, nos planos da erraticidade, para discutirem o método de se estabelecer o Gênio da Paz na face da Terra. A essa assembléia da sábios das coisas espirituais e divinas, compareceram anciãos da sociedade de Marte, estudiosos de saturno, cientistas e apóstolos de Júpiter e outros representantes da vida do nosso sistema solar”.

Também no livro Novas Mensagens (FEB, 1940), igualmente psicografado por Chico Xavier, o Espírito Humberto de Campos realiza uma excursão ao planeta Marte e observa que as formas de vida nele existentes são bem superiores às da Terra. “A sociedade marciana”, explica Gerson, “está moral e cientificamente alguns séculos mais adiantada que a do nosso planeta, porque lá não existem guerras nem conflitos”. O relato está em concordância com aquele do Espírito Maria João de Deus.

Na mesma obra, Humberto de Campos também revela a existência de água em Marte. “Vale lembrar”, raciocina Gerson, “que somente em 2004, ou seja, 65 anos após a publicação dessa obra, a NASA apresentou as primeiras provas químicas e geológicas diretas da existência de água no passado de Marte, obtidas pelo robô Opportunity. E agora, em 2007, os cientistas da NASA acabam de descobrir a existência de enormes depósitos de gelo no pólo sul de Marte, detectados pela sonda espacial Mars Express. No caso de tais depósitos se derreterem, eles podem se transformar numa reserva apreciável de água para Marte, o que vem confirmar, 68 anos depois, o texto do livro Novas Mensagens, que fala da existência de água no planeta vermelho. Ora, se lá existe água, e sabendo que ela é o elemento primordial para que haja vida como a nossa aqui na Terra, é lógico admitir-se, sem medo de errar, a existência de seres inteligentes habitando o planeta Marte, naturalmente em outra dimensão física”.

Também no livro Falando à Terra (FEB, 1951), psicografado por Chico Xavier, no capítulo “Notícias”, ao comentar as atividades dos trabalhadores dos planos mais altos, o Espírito Abel Gomes transmite a seguinte informação: “Dessas congregações de gênios da bondade e do trabalho, da harmonia e da inteligência partem, para outros mundos, missões de estudiosos que se interessam pela nossa esfera”.

“Júpiter, Saturno, Marte e outros gigantes de aperfeiçoamento em nossa organização planetária são visitados constantemente por esses vanguardeiros da luz e do amor, para a permuta de valores necessários ao nosso engrandecimento; em muitos casos, descem esses missionários á experiência carnal em que desempenham altos misteres na política, na administração, na ciência e na fé religiosa, legando às criaturas sulcos de luz inapagável, nos exemplos e experiências que transmitem às informações mais novas”.


A humanidade de Marte evoluiu mais rapidamente que a humanidade da Terra


Tendo essas informações em mente, Gerson Simões Monteiro defende a atualização da nota referente à questão 188 de O Livro dos Espíritos. Ao se fazer isso, explica Gerson, “deixaremos de incorrer em dois equívocos”. Um deles é o de não considerar as revelações feitas pela mediunidade inquestionável de Francisco Cândido Xavier, indo contra o pensamento de Allan Kardec, de que o espiritismo, diante de uma verdade nova, a aceitará. O outro equívoco seria não utilizar o bom senso recomendado pelo Espírito Erasto, “nesse caso, o de rejeitar uma informação errônea, ou seja, a de que os habitantes do planeta Marte seriam menos adiantados física e moralmente do que s habitantes da Terra”.

O estudioso do espiritismo José Sola, colaborador desta revista, refere-se à coerência dos argumentos apresentados por Gerson Simões Monteiro, mas entende que temos de estudar a questão com muito carinho, uma vez que ainda não temos uma definição, uma prova de que a vida em Marte seja mais adiantada ou atrasada do que a vida na Terra.

Um dos argumentos apresentados nesse caso é que a ciência tem feito descobertas com relação a ter existido água em Marte, de modo que se levanta a possibilidade de ter existido vida idêntica à nossa no passado remoto do planeta.

Gilberto Adamatti, palestrante em centros espíritas do Rio de Janeiro e freqüentador do Grupo espírita Auta de Souza, comenta que, apesar das observações atuais da ciência indicarem a ausência de vida em Marte, também mostram sinais de que o planeta já teve oceanos e uma atmosfera mais rica. Em algum momento, por motivo ou fenômeno que desconhecemos, a atmosfera teria se perdido no espaço, o que teria provocado a evaporação acelerada dos oceanos.

Alguns cientistas, ele lembra, supõem que a quase-ausência de atmosfera e o choque de íons solares contra as moléculas de vapor da água teriam separado o hidrogênio e o oxigênio do H²O em estado de vapor. De qualquer forma, a idéia é que, se houve oceanos, pode ter havido vida e, quem sabe, uma civilização.

Assim, continua especulando Adamatti, se houver alguma civilização em Marte, não deve ser no plano físico tal como o conhecemos. Segundo ele, isso poderia sugerir que as mensagens que Chico teria recebido de sua mãe, do irmão X e de outros Espíritos relativamente a esse tópico possam conter alguma dose de animismo, ou até mesmo eventual falha de interpretação do Espírito com relação ao que ele teria visto no planeta. “Nesse assunto”, diz Gilberto, “sou mais favorável à posição de rejeitar nove verdades do que aceitar uma mentira”.

Sola se pergunta qual seria o desígnio da destruição da civilização em Marte. Os marcianos teriam alcançado e evolução necessária para não precisar mais dos benefícios que a matéria propicia ao Espírito em sua caminhada evolutiva?

Adamatti, pensando a respeito dessa questão, considerou a possibilidade que tenha existido vida inteligente no planeta e que, assim como a vida na dimensão física teve início em determinado momento num planeta, ela poderia cessar a partir de outro momento, e a vida como um todo se transportar para outra dimensão vibratória. Algo semelhante à vida de um ser humano que, em certo momento, abandona suas células físicas, mas passa a existir em toda a sua plenitude da dimensão espiritual imediata ao plano físico. Dessa forma, considera Adamatti, não seria possível ter existido vida no plano físico em Marte e, após ter atingido um determinado estágio evolutivo, ter passado a existir apenas em outra dimensão?

Para José Sola, temos de considerar a finalidade da vida, a razão de ser em todas as manifestações de Deus no universo, mesmo nas aparentemente insignificantes pois, do contrário, aceitamos a hipótese da causalidade, e a existência de um planeta é algo significativo. “Alguns amigos me diziam”, conta Sola, “quando da rivalidade entre União Soviética e Estados Unidos, que eles entrariam em guerra e destruiriam a Terra com bombas atômicas; que a Terra se transformaria num planeta árido, sem vida. Sempre respondi que não, pois o planeta tem a finalidade de propiciar-nos a evolução. Se fosse permitido ao homem destruí-la, os desígnios divinos estariam subordinados ao homem. Acredito que a Terra somente se destruirá quando houver cumprido sua finalidade divina: nossa evolução”.

Sola lembra que a vida no universo atende a um propósito único de evolução, “do contrário não haveria a equidade da Lei, pois meios múltiplos para evoluir diferenciariam as experiências vividas pelo Eu inteligente e, com certeza, nessa divergência de princípios evolutivos haveria os privilegiados e os párias”.

Assim, ele considera que pretender dois ou mais caminhos paralelos na concepção e maturação dos seres é desconhecer o princípio de unicidade da vida a se manifestar no universo. “Da mesma forma”, explica , “como não podemos aceitar que existam duas linhas paralelas para a concepção e evolução da vida, uma para os animais e outra para o homem, por comprometer a Lei Divina, tampouco a podemos conceber diferenciada para a concepção e evolução dos seres em outros mundos. Em outras palavras, o princípio que gera e desenvolve a vida no universo há de ser único”.


Os grandes Espíritos, que sob a tutela amorosa de Jesus dirigem os destinos da Humanidade, reuniram-se há pouco tempo, nos planos da erraticidade, para discutirem o método de se estabelecer o Gênio da Paz na face da Terra


Sola aceita a premissa da ciência com relação à possibilidade de que tenha existido vida em Marte; embora não haja uma comprovação cabal disso, a lógica dá força ao argumento. “Porém, se existiu vida igual à nossa em Marte, essa vida teria de continuar existindo, pois eu não consigo conceber que tenha existido vida e se extinguido. Qual a finalidade dessa vida, ou que determinação divina levou essa vida a se destruir sem cumprir uma finalidade?”

Outra consideração sobre a vida em Marte apresentada por José Sola segue o pensamento de que, sendo a água o elemento prioritário para a vida e no qual a vida ensaia seu desenvolvimento, “sabemos que a mutação dos seres aquáticos para terrestres não acontece num repente; são necessários milênios, e outros tantos para a evolução desses animais. Não nos esquecendo que, para atingir a condição de vida aquática, o psiquismo ou centelha divina da vida ensaiou ainda por milênios no reino vegetal. Teria havido tempo necessário para que alcançasse a condição de vida humanóide antes que a água do planeta se evaporar?”

Para Sola, a possibilidade de que existisse vida nos subterrâneos de Marte, adaptada à condição atmosférica em que o gás carbônico predomina, implicaria numa modalidade diferente de vida, diferentes experiências, ou seja, um protótipo de vida diferenciado; isso comprometeria a Lei Divina, como já vimos antes”.

Assim, a lógica demonstra que não existe vida idêntica à nossa em nenhum planeta de nosso sistema solar. Entretanto, pondera Sola, isso não quer dizer que não exista vida, pois a concepção de vida dos espíritas e a concepção dos cientistas diferem.

“Para a ciência “, diz ele, “a vida se restringe às plantas, aos animais e aos homens, vida esta que é a resultante de combinações de elementos químicos e físicos, que morrem com a decomposição da matéria; enquanto nós, espíritas, compreendemos que todos os elementos que se manifestam de Deus no universo têm vida. O solo do planeta tem vida, pois quando lançamos a semente ao solo, na receptividade amorosa do mesmo, ela incha, lança vergôntea, continua extraindo dela o alimento, se transforma em uma árvore e dá frutos. O próprio planeta Marte irradia a vida, emanação de Deus, e sem dúvida abriga uma modalidade de vida que escapa à percepção da ciência”.

Sola se coloca entre os que acreditam que a vida de Marte é mais evoluída que a da Terra, conforme as informações obtidas por intermédio de Francisco Cândido Xavier e dos Espíritos de Maria João de Deus, Humberto de Campos e outros. “Embora não haja vida idêntica à nossa, creio que existe vida em outra dimensão vibracional. Aliás, essa possibilidade não nos é estranha, pois quem acredita que exista Nosso Lar, Alvorada Nova, etc., não pode estranhar essa possibilidade. A única diferença é que essas colônias são de constituição energética, enquanto que Marte é de constituição sólida”.

Nas discussões sobre o assunto também foi levantada a possibilidade de que asa comunicações tivessem sofrido influência anímica do médium, ou mesmo que se tratasse de uma visão distorcida ou enganada dos Espíritos que trouxeram as informações.

“O animismo”, comenta José Sola, “sem dúvida alguma está presente em todas as manifestações, pois o mesmo é o campo que possibilita que as comunicações aconteçam. Não temos comunicações de Espíritos por meio de um cadáver; de Espíritos através de outros Espíritos desencarnados, sim”.

Ele explica ainda que o animismo pode se manifestar interferindo numa comunicação psicofônica consciente. “Na inconsciente acontece, mas dificilmente altera a essência da mensagem; na psicografia intuitiva, em que o Espírito se utiliza das mãos e da mente do médium. Mas na psicografia mecânica, o Espírito somente se utiliza das mãos do médium. Isto está em Kardec, em O Livro dos Médiuns”.

Para Sola, as obras de André Luiz – Os Missionários da Luz, Mecanismos da Mediunidade, Evolução em Dois Mundos, entre outras – invadiram qualquer possibilidade de animismo, uma vez que elas refletem uma cultura científica que Chico Xavier sequer supunha que existisse. “Com todo o respeito pelos demais médiuns, mas quando faço uma leitura de suas obras, a faço analisando o que foi escrito. Quando leio um livro psicografado por Chico Xavier, o faço descontraído, procurando apenas aprender, pois Chico foi médium ímpar na Doutrina Espírita, considerando ainda seu mentor Emmanuel, que é idôneo e supervisionava todas as comunicações apresentadas por suas mãos. Para que esses Espíritos apresentassem uma visão distorcida da vida em Marte, Emmanuel teria que ter se deixado enganar. Existe vida mais evoluída que a nossa em Marte, sim, mas vida em outra dimensão, não na condição de matéria como a nossa”.


Embora não haja vida idêntica à nossa, creio que existe vida em outra dimensão vibracional. Aliás, essa possibilidade não nos é estranha, pois quem acredita que exista Nosso Lar, Alvorada Nova, etc., não pode estranhar essa possibilidade


Sola também chama a atenção para a interpretação da frase de Kardec afirmado que a vida em Marte á mais atrasada do que a da Terra. “Precisamos atentar para o sentido que ele quis dar a estas palavras, pois a vida de Marte, fisicamente, é mais atrasada, ou seja, menos desenvolvida que a da Terra, pois não existem nesse planeta – acredito que nunca existiu e jamais existirão – as variedades e condições de vida que temos na Terra. Nosso planeta é um mundo laboratório, em que a vida se manifesta de Deus, a partir do psiquismo, no reino mineral, sonha no vegetal, agita-se no animal e desperta no homem”.

Por outro lado, acredita que a vida que se desenvolve em Marte, em outra dimensão, é moralmente mais evoluída. “Não seria esse planeta uma das moradas dos filhos da Terra, ou de outros mundos mesmo, que esteja numa fase mais avançada na evolução?”

“Sou a favor de que, como deseja Gerson Simões, revermos essa questão, não alterando a obra, mas adicionando uma observação sintetizada que esclareça esse aparente equívoco. Ele argumenta com propriedade, lembrando as palavras de Allan Kardec ao afirmar que, se uma verdade nova se revelar, o Espiritismo aceitará essa revelação e se modificará, pois a Doutrina Espírita deve caminhar de acordo com o progresso científico”.


O QUE DIZ O LIVRO DOS ESPÍRITOS?

188. Os Espíritos puros habitam mundos especiais, ou se acham no espaço universal, sem estarem mais ligados a um mundo do que a outros?
“Habitam certos mundos, mas não lhes ficam presos, como os homens à Terra; podem, melhor do que os outros, estar em toda parte.”

Segundo os Espíritos, de todos os mundos que compõem o nosso sistema planetário, a Terra é dos de habitantes menos adiantados, física e moralmente. Marte lhe estaria ainda abaixo, sendo-lhe Júpiter superior de muito, a todos os respeitos. O Sol não seria mundo habitado por seres corpóreos, mas simplesmente um lugar de reunião dos Espíritos superiores, os quais de lá irradiam seus pensamentos para os outros mundos, que eles dirigem por intermédio de Espíritos menos elevados, transmitindo-os a estes por meio do fluido universal. Considerado do ponto de vista da sua constituição física, o Sol seria um foco de eletricidade. Todos os sóis como que estariam em situação análoga.
O volume de cada um e a distância a que esteja do Sol nenhuma relação necessária guardam com o grau do seu adiantamento, pois que, do contrário, Vênus deveria ser tida por mais adiantada do que a Terra e Saturno menos do que Júpiter.
Muitos Espíritos, que na Terra animaram personalidades conhecidas, disseram estar reencarnados em Júpiter, um dos mundos mais próximos da perfeição, e há causado espanto que, nesse globo tão adiantado, estivessem homens a quem a opinião geral aqui não atribuía tanta elevação. Nisso nada há de surpreendente, desde que se atenda a que, possivelmente, certos Espíritos, habitantes daquele planeta, foram mandados à Terra para desempenharem aí certa missão que, aos nossos olhos, os não colocava na primeira plana. Em segundo lugar, deve-se atender a que, entre a existência que tiveram na Terra e a que passaram a ter em Júpiter, podem eles ter tido outras intermédias, em que se melhoraram. Finalmente, cumpre se considere que, naquele mundo, como no nosso, múltiplos são os graus de desenvolvimento e que, entre esses graus, pode medear lá a distância que vai, entre nós, do selvagem ao homem civilizado. Assim, do fato de um Espírito habitar Júpiter não se segue que esteja no nível dos seres mais adiantados, do mesmo modo que ninguém pode considerar-se na categoria de um sábio do Instituto, só porque reside em Paris.
As condições de longevidade não são, tampouco, em qualquer parte, as mesmas que na Terra e as idades não se podem comparar.
Evocado, um Espírito que desencarnara havia alguns anos, disse que, desde seis meses antes, estava encarnado em mundo cujo nome nos é desconhecido. Interrogado sobre a idade que tinha nesse mundo, disse: “Não posso avaliá-la, porque não contamos o tempo como contais. Depois, os modos de existência não são idênticos.
Nós, lá, nos desenvolvemos muito mais rapidamente. Entretanto, se bem não haja mais de seis dos vossos meses que lá estou, posso dizer que, quanto à inteligência, tenho trinta anos da idade que tive na Terra.”
Muitas respostas análogas foram dadas por outros Espíritos e o fato nada apresenta de inverossímil. Não vemos que, na Terra, uma imensidade de animais em poucos meses adquire o desenvolvimento normal? Por que não se poderia dar o mesmo com o homem noutras esferas? Notemos, além disso, que o desenvolvimento que o homem alcança na Terra aos trinta anos talvez não passe de uma espécie de infância, comparado com o que lhe cumpre atingir. Bem curto de vista se revela quem nos toma em tudo por protótipos da criação, assim como é rebaixar a Divindade o imaginar-se que, fora o homem, nada mais seja possível a Deus.


Fonte: Revista Espiritismo & Ciência (edição 66)

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