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COMUNICAÇÕES MEDIÚNICAS

Todas as comunicações mediúnicas devem ser submetidas ao crivo da razão.

Por: Rogério Coelho

"Amados, não creiais a todo o Espírito, mas provai se os Espíritos são de Deus; porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo”. (João, 4:1)

Aprendemos com Allan Kardec que as primeiras comunicações inteligentes foram obtidas por meio de pancadas ou da tiptologia, e limitadíssimos eram os recursos que esse meio primitivo oferecia por estar ainda na infância da arte, tudo se reduzindo a respostas monossilábicas, por sim ou não, mediante convencionado número de pancadas. Só mais tarde os métodos de comunicação entre os dois mundos foram aperfeiçoados e, consequentemente, elas se tornaram mais rápidas e fáceis de serem obtidas. Mas, lamentavelmente, essa proliferação cobrou o seu preço: surgiram sérios escolhos em forma de obsessão, e as comunicações apócrifas sob influência de Espíritos malfazejos, zombeteiros, pseudo-sábios tornaram-se muito comuns.

Como lidar na área do Espiritismo prático sem enredamentos em tais escolhos? Primeiramente, torna-se urgente conhecer a natureza das comunicações, ilustrando-nos nas seguras diretrizes kardequianas, a iniciar pelo estudo da escala espírita inserta em “O Livro dos Espíritos”, questões 100 a 113, e continuando no “Vade Mecum” da mediunidade: “O Livro dos Médiuns”, (todo) e em especial no que se refere às reuniões de intercâmbio em suas multifaces (Capítulo X, itens 133 a 137, segunda parte), bem como o conteúdo do capítulo XXV que trata “das evocações”.

Nesses tópicos o Codificador ensina: “Podemos agrupar em quatro categorias principais os matizes que apresentam as comunicações: Grosseiras, frívolas, sérias e instrutivas.


Toda comunicação que, isenta de frivolidade e de grosseria, objetiva um fim útil, ainda que de caráter particular


Comunicações grosseiras são as concebidas em termos que chocam o decoro. Só podem provir de Espíritos de baixa estofa, ainda cobertos de todas as impurezas da matéria, e em nada diferem das que provenham de homens viciosos e grosseiros.

De acordo com o caráter dos Espíritos, elas serão triviais, ignóbeis, obscenas, insolentes, arrogantes, malévolas e mesmo ímpias.

As comunicações frívolas emanam de Espíritos levianos, zombeteiros, ou brincalhões, antes maliciosos do que maus, e que nenhuma importância ligam ao que dizem. Como nada de indecoroso encerram, essas comunicações agradam a certas pessoas, que com elas se divertem, porque encontram prazer nas confabulações fúteis, em que muito se fala para nada dizer.

Em torno de nós pululam os Espíritos levianos, que de todas as ocasiões aproveitam para se intrometerem nas comunicações e a verdade é o que menos os preocupa; daí o maligno encanto que acham em mistificar os que têm a fraqueza e mesmo a presunção de neles crer sob palavra. As pessoas que se comprazem nesse gênero de comunicações naturalmente dão acesso aos Espíritos levianos e falaciosos.

As comunicações sérias são ponderosas quanto ao assunto e elevadas quanto à forma. Toda comunicação que, isenta de frivolidade e de grosseria, objetiva um fim útil, ainda que de caráter particular, é, por esse simples fato, uma comunicação séria. Nem todos os Espíritos sérios são igualmente esclarecidos; há muita coisa que eles ignoram e sobre que podem enganar-se de boa-fé. Por isso é que os Espíritos verdadeiramente superiores nos recomendam de contínuo que submetamos todas as comunicações ao crivo da razão e da mais rigorosa lógica.

No tocante a comunicações sérias, cumpre se distingam as verdadeiras das falsas, o que nem sempre é fácil, porquanto, exatamente à sombra da elevação da linguagem, é que certos Espíritos presunçosos, ou pseudo-sábios, procuram conseguir a prevalência das mais falsas ideias e dos mais absurdos sistemas. E, para melhor acreditados se fazerem e maior importância ostentarem, não escrupulizam de se adornarem com os mais respeitáveis nomes e até com os mais venerados. Esse um dos maiores escolhos da ciência prática.

Instrutivas são as comunicações sérias cujo principal objeto consiste num ensinamento qualquer, dado pelos Espíritos, sobre as ciências, a moral, a filosofia etc. São mais ou menos profundas, conforme o grau de elevação e de desmaterialização do Espírito.

Os Espíritos sérios se ligam aos que desejam instruir-se e lhes secundam os esforços, deixando aos Espíritos levianos a tarefa de divertirem os que em tais manifestações só veem passageira distração.


Se, para julgar os homens, se necessita de experiência, muito mais ainda é esta necessária para se julgarem os Espíritos


Unicamente pela regularidade e frequência daquelas comunicações se pode apreciar o valor moral e intelectual dos Espíritos que as dão e a confiança que eles merecem. Se, para julgar os homens, se necessita de experiência, muito mais ainda é esta necessária para se julgarem os Espíritos.

Qualificando de instrutivas as comunicações, supomo-las verdadeiras, pois o que não for verdadeiro não pode ser instrutivo, ainda que dito na mais imponente linguagem.

Nessa categoria não podemos, conseguintemente, incluir certos ensinos que de sério apenas têm a forma, muitas vezes empolada e enfática, com que os Espíritos que os ditam, mais presunçosos do que instruídos, contam iludir os que os recebem. Mas, não podendo suprir a substância que lhes falta, são incapazes de sustentar por muito tempo o papel que procuram desempenhar”.

Vemos que não é sem razão que o nobre Espírito São Luís recomenda:
“(...) Qualquer que seja a confiança legítima que vos inspirem os Espíritos que presidem aos vossos trabalhos, uma recomendação há que nunca será demais repetir e que deveríeis ter presente sempre na vossa lembrança, quando vos entregais aos vossos estudos: é a de pesar e meditar, é a de submeter ao cadinho da razão mais severa todas as comunicações que receberdes; é a de não deixardes de pedir as explicações necessárias a formardes opinião segura, desde que um ponto vos pareça suspeito, duvidoso ou obscuro”, porque já muitos falsos profetas se têm levantado no mundo.


Fonte: Revista Internacional de Espiritismo (abril 2009)

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