Qual deve ser o verdadeiro papel da mãe na vida de seus filhos?
Por: Octávio C. Serrano
Vamos cantar, saudar e louvar todas as mães neste mês de maio. Mães ricas ou pobres, mães brancas ou de outras raças, mães brasileiras ou estrangeiras, mães de filhos legítimos ou de filhos adotados.
Já aprendemos, pela mensagem dos Superiores, que a maternidade é o ato de sublimidade do Espírito. É quando ele aceita a oferta que Deus lhe faz para que adote um de seus filhos e o oriente nos caminhos do mundo para fazê-lo melhor. Observem que a mulher na gravidez fica mais bonita, mais cheia de luz. Afinal, são duas almas que pulsam ao mesmo tempo num só corpo. E mesmo que não dê à luz o filho, ama-o com a mesma intensidade.
Não podemos esquecer, porém, que até o amor quando mal direcionado cria problemas. Amar significa fazer o filho crescer e não apenas carregá-lo no colo. A mãe que em vez de ensinar e estimular o filho a conseguir desbravar as matas do desconhecimento, simplesmente o poupa para que não sofra, corre o risco de desencarnar e deixar um filho não apenas órfão de mãe, mas de competência para seguir a sua vida.
Tem-se escrito, e muito, que a família é uma instituição que vacila nos dias atuais e é, talvez, a grande responsável pelos desajustes dos seres humanos. Quando as raízes são frágeis a planta cresce sem resistência. E se, além disso, nos esquecermos de adubá-la, jamais se transformará em planta sadia. O mundo é um conjunto de famílias. Se as partes são frágeis o todo também será.
Ser mãe é aceitar a oferta de Deus de adotar um de seus filhos e o orientá-lo
Os pais, com destaque para as mães, pela responsabilidade que é sempre maior delas, estão vivendo como reféns dos filhos. E isso é mais observado nas classes de melhor situação financeira, onde abundam os presentes e a tecnologia do lazer, geralmente sob pressão dos jovens.
As casas de melhor poder aquisitivo têm um televisor e um computador em cada quarto, além de outras parafernálias eletrônicas, sem que os pais saibam o que os filhos estão vendo ou com quem estão se comunicando por processos virtuais que acabam por ser reais. Dão-lhes caros celulares e imaginam que podem rastrear os filhos, eletronicamente.
Há nos dias atuais, também, a preocupação dos jovens em ser modelo e manequim, trampolim para chegar à aldeia global como artista de TV. Outro objetivo, agora em todas as classes, é o fascínio pelo esporte que dá gloria, dinheiro e projeção. Para meninos e meninas. Futebol, voleibol, basquetebol e agora o handebol. Além de, em escala menor, cantor de música sertaneja ou das bandas de hip-hop e similares. O grau de permissividade para não contrariar os filhos chegou às raias do inacreditável.
Confiram este episódio, por favor, que nos foi contado por uma professora de geografia que merece a nossa confiança. Convidada para uma festa onde se comemoraria o sucesso no vestibular, certa mãe reuniu os amigos de sua filha.
Mal começou a festa e todo mundo começou a cheirar “loló”. Loló, já sabem, é um composto feito com éter, clorofórmio e perfumes ou essências. Versão caseira do velho lança-perfume. A nossa amiga, atônita, chamou a dona da casa e perguntou-lhe:
- Você já viu o que está rolando naquele quarto?
- É, vi, mas o que você quer que eu faça?
- Ora, ponha essa gente toda pra fora.
- Mas eu não posso. São todos amiguinhos da minha filha.
Esta mãe que escolhe para amigos da sua filha, ou consente que o sejam, pessoas dessa espécie, está estimulando a que a filha também se drogue e não terá o direito de reclamar de nada que possa acontecer no futuro. Sequer terá o direito de pronunciar a velha frase, “onde foi que eu errei?” É refém da jovem e nem ousa contrariá-la! São esses jovens que dirigem bêbados ou drogados e se matam pelas estradas do Brasil, além de matar também quem não tem nada com isso.
O Livro dos Espíritos, no capítulo sobre a infância, deixa claro que é um espírito velho que anima a criança, que tem seus próprios vícios, virtudes, sabedoria, artimanhas e tudo o mais que caracteriza o ser humano. Chora sem lágrimas, bate o pé, faz beicinho e como tudo isso é muito bonitinho, a chantagem fica facilitada. Vemos pirralhos de dois ou três anos dar verdadeiro baile nos pais quando querem algo. E conseguem com a maior facilidade porque os pais são fracos.
Presenteia-se um filho porque ele passa de ano e permite-se que um parceiro “ficante” divida com ele a cama do seu quarto, o que transforma os lares em bordéis. Mas é tudo muito natural, desde que não se esqueçam de usar o preservativo. Não pode engravidar nem ter AIDS e outras DST. Com este cuidado, tudo é permitido.
Não estamos deslustrando o mérito de mães dedicadas, lutadoras e íntegras que existem em quantidade. Estamos apenas nos prevalecendo do episódio contado pela nossa chocada professora de geografia, o que é mais comum do que supomos.
A instituição familiar é a célula mais importante da sociedade e se ela for frágil toda a estrutura de um país pode ruir como vemos no retrato da vida atual.
Somente a popularização do Espiritismo pode fazer com que pais e filhos compreendam que estão no mundo em processo de crescimento. Os excessos matérias são quase sempre um obstáculo para o desenvolvimento espiritual, porque geram egoísmo, orgulho, ganância e inveja, entre outros defeitos de maior ou menor gravidade.
Vemos pirralhos de dois ou três anos dar verdadeiro baile nos pais quando querem algo, e conseguem com a maior facilidade porque os pais são fracos
Somente a investida no campo da moral e da fé pode dar ao ser humano uma motivação sensata para viver, não colocando todas as suas expectativas nesta encarnação, mas compreendendo que ela é conseqüência e preparação da eternidade espiritual de cada um.
Mãe, não se preocupe se seu filho chorar porque você lhe disse “não”. Explique o seu “não” que ele compreenderá e mais tarde lhe agradecerá. Melhor que ele chore hoje no seu lar a que mais tarde ele e você venham a chorar nos presídios, nos hospitais, nos manicômios ou nos cemitérios.
Feliz dia das mães é o que desejamos a vocês diletas genitoras que conhecem bem a tarefa que Deus lhe confiou. E às outras, que Deus lhes dê um pouco de juízo!
Fonte: Revista Internacional de Espiritismo (maio 2008)