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OS MAUS PROFISSIONAIS

Em quaisquer ambientes de trabalho, é urgente o combate à agressividade e sua raiz, com exemplos vivos de tolerância e de educação primorosa. Não por essa educação que tende a fazer homens credenciados pela academia de ciência (em que pese muitos serem péssimos profissionais), todavia, pela educação que tende a fazer profissionais honrados. "A educação, convenientemente entendida, constitui a chave do progresso moral."

Há alguns dias, recebemos sugestão para comentar a respeito das "profissões e profissionais". O solicitante informou que, tempos atrás, a sua avó fora mal tratada em um hospital de Petrópolis/RJ, razão pela qual, sua mãe se viu forçada, naquela época, a transferi-la para outro hospital do Rio de Janeiro, onde o respeito humano fosse incondicional e mutuamente retribuído. Recordou, também, que o seu pai, já doente terminal, em um hospital de Brasília, foi vítima de maus tratos de um médico despreparado para a profissão, com quem foi obrigada a se indispor, chegando ao limite da indignação, dizendo-lhe aos prantos e em bom tom: - "Peço a Deus que meu pai morra antes do seu próximo plantão, porque nas mãos de Deus ele estará livre da sua crueldade!".

Mesmo sabendo que um médico não deve curar, apenas, pelos conhecimentos acadêmicos que possui, mas demonstrar sentimento de solidariedade, humanidade, compaixão e fraternidade aos seus assistidos, entendemos que essas reações que desarticulam os sentimentos dos parentes amorosos, não são desejáveis para quem almeja um projeto de elevação espiritual.

É fato! Muitos profissionais, não depositam fé no homem nem em Deus. São agressivos, pernósticos, mentirosos, resultado da deseducação. No setor de saúde, da segurança pública, do magistério e outros setores de trabalho, encontramos profissionais inabilitados para exercer o serviço. São "profissionais" que desonram seus pares através de manifestas atitudes de brutalidade, de incapacidade técnica, de preguiça, de maledicências. Geralmente, são os que mais reclamam dos colegas, do ambiente de trabalho, do salário, do governo etc. São "profissionais" (com aspas!) frustrados, destituídos de elevados sentimentos, ainda, não desenvolvidos. Portanto, mal-amados por não saberem amar. Exigem eficiência dos outros, porém, são, extremamente, ineficientes e, comprovadamente, incompetentes na profissão que exercem. Para completar, e o que é pior, desconhecem a ética profissional.

Por essas razões, não raramente, deparamo-nos com médicos impulsivos, negando a mínima consideração aos pacientes, e, por outro lado, os enfermos irritados que se lhes opõem, em razão da fragilidade emocional em que se encontram, revidando essa indiferença, essa insensibilidade; nas escolas, vemos professores responsáveis por inumeráveis males e o sarcasmo de alguns alunos, tanto quanto as garras de um animal ameaçado. Em ambos os casos, representam indícios naturais da condição evolutiva em que se encontram. O autor de qualquer injustiça invoca o mal, que conspira contra ele mesmo. Destarte, o mal só é, realmente, mal para quem o pratica. Revidá-lo, por revidar, na base de inconseqüência em que se expressa, (o mal) consome as energias de quem o sustenta. Por isso, devemos vigiar para não sermos vítimas das emoções incontroláveis. Isso não equivale dizer que não devamos admoestá-los de forma enérgica se necessário for, porém, sem perdermos o equilíbrio.

Na condição de espíritas, devemos encarar a ignorância como chaga de grande porte e o remédio é participar das debilidades alheias com orações, de onde surgem as mais inteligentes e adequadas soluções no tratamento de uma chaga, porquanto, golpear a ferida, desairosamente, será o mesmo que transformar a doença curável em um carcinoma incurável. A tolerância, sem conivência, é exercício descomunal de completo domínio da situação e rápido esquecimento de todo o mal, com ação permanente no bem. Quem pronuncia palavras de agressão de maneira constante, demonstra acalentar a volúpia da mágoa com que se acomoda, perdendo tempo precioso na conquista de si mesmo.

Resolver um problema complexo diante dos maus profissionais é ter autoridade moral para olvidar a sombra, buscando a luz. Não é dobrar joelhos ou escalar galerias de superioridade falaciosa, teatralizando os impulsos do coração, mas, sim, persistir no trabalho renovador, criando o bem e a harmonia entre todos, pois, aqueles que não nos entendem de pronto, observam-nos a conduta espírita, e, e em determinado momento, compreenderão o idioma inarticulado da força moral. Oferece-nos o Cristo o modelo da tolerância ideal, em regressando do túmulo ao encontro dos aprendizes desapontados.

Os princípios da Doutrina Espírita, em seu tríplice aspecto - Filosofia, Ciência e Religião - fundamentam-se na moral do Cristo, que é a mais elevada expressão da Ética. O comportamento ético-espírita não está circunscrito aos momentos em que estamos na Casa Espírita ou no atendimento às carências do próximo. Ele deve constituir o nosso modo de ser e de agir em todas as circunstâncias da vida. "Compete-nos manter uma conduta ética no cotidiano, em todas as relações que estabelecemos com o semelhante e a sociedade, ainda que em detrimento de nosso interesse pessoal. Cabe-nos viver e exemplificar a conduta ética no lar, na vida profissional, nos negócios, na política, na administração pública, bem como nas outras situações, consultando sempre a consciência, onde está escrita a lei de Deus."

Como percebemos, foi o Mestre Jesus que demonstrou o amor como base para a vida, dando início ao primado do dever e da moral como essenciais à felicidade humana. "Surge, assim, a ética cristã, fundamentada nos ensinos do Mestre. Pedro e seus companheiros vivenciam o amor e praticam a caridade na Casa do Caminho. Paulo de Tarso dá-lhe consistência, traçando diretrizes de ordem comportamental aos gentios em suas memoráveis Epístolas, das quais destacamos estes preceitos: "Não te deixes vencer do mal, mas vence o mal com o bem". Portanto, oremos para os maus médicos, professores, policiais, fiscais, etc., e exerçamos a tolerância, permanentemente, até porque, tais profissionais haverão de, inexoravelmente, prestar contas com as supremas leis da vida.

Como iremos manter o equilíbrio diante dos maus profissionais, se perdemos longas horas na posição de irritação ou de revolta? Emmanuel nos ensina que "a indignação rara, quando justa e construtiva no interesse geral, é sempre um bem, quando sabemos orientá-la em serviços de elevação; contudo, a indignação diária, a propósito de tudo, de todos e de nós mesmos, é um hábito pernicioso, de conseqüências imprevisíveis."

O desânimo também é situação anestesiante, que entorpece e destrói. Isso, sem falar da maledicência ou da inutilidade, com as quais despendemos tempo valioso e longo em conversação infrutífera, extinguindo as nossas forças. O Benfeitor, ainda, adverte: "Que gênio milagroso nos doará o equilíbrio orgânico, se não sabemos calar, nem desculpar, se não ajudamos, nem compreendemos, se não nos humilhamos para os desígnios superiores, nem procuramos harmonia com os homens?". Fujamos à brutalidade, enriquecendo os nossos pontos de simpatia pessoal, pela prática do amor fraterno. Sirvamos sempre na extensão do bem, guardando lealdade ao ideal superior que nos ilumina o coração, e permaneçamos convictos de que, se cultivamos a oração da fé viva, em todos os nossos passos, em qualquer lugar, Deus nos auxiliará sempre.



Por: Jorge Hessen

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